domingo, 24 de outubro de 2010

Trajetória



Era impossível avistar a metade do caminho. A estrada era longa e escura e apenas os vagalumes traziam a ela um pouco de luz – o suficiente para despertar a sensação de vida em meio ao ambiente sombrio.

Deram as mãos e seguiram em linha reta, sem nenhuma troca de palavras. O calor do toque era o que mantinha conectados os devaneios, que já não precisavam ser anunciados em voz alta para que se tivesse a certeza de que tinham ligação.

Não houve, na caminhada, nenhuma declaração explícita de afeto. Mas as mãos não se afastaram por um segundo sequer.

Não sabiam aonde chegariam, mas chegariam juntos. 

Eram uma só alma, que há pouco já foram duas.


Por Helena Perdiz

Um comentário:

Brunno Lopez disse...

Não tinha lido ainda o seu lado açúcar mode ON.

Divino, não? Principalmente o desfecho.
Não é apelativo. Não é clichê. E tem uma honestidade deliciosa.